06 setembro, 2010

Deficiências Nutricionais após a Cirurgia Bariátrica

Atualmente, a cirurgia bariátrica vem sendo indicada como uma das opções de tratamento para a obesidade mórbida, ou seja, pessoas com índice de massa corporal (IMC) maior do que 40 Kg/m².

Porém, algumas deficiências de nutrientes têm sido relatadas em estudos após este tipo de procedimento, o que pode potencialmente reduzir os benefícios que a cirurgia pode proporcionar.

As técnicas da cirurgia bariátrica podem ser divididas em três categorias: procedimentos restritivos (restringem a ingestão alimentar), malabsortivos (diminuem a absorção dos nutrientes) e mistos, que combinam os dois métodos anteriores.

Em pacientes que fizeram a cirurgia com técnicas restritivas, as deficiências nutricionais podem estar associadas com a ingestão insuficiente de alimentos, enquanto que nas técnicas malabsortivas, as carências podem estar relacionadas com as intervenções feitas no estômago e/ou intestino, que afetam o processo de digestão e absorção dos nutrientes.

De uma forma geral, algumas deficiências que podem ser citadas são: ferro, cálcio e vitamina D, vitamina B12, ácido fólico e zinco.

A deficiência de ferro é relatada em mais de um terço dos pacientes que fizeram este tipo de cirurgia. Nestes casos, a absorção do ferro é comprometida por conta da diminuição da ingestão de alimentos fonte (carnes, por exemplo), diminuição da quantidade de ácido gástrico (o que dificulta a digestão) e pela modificação no duodeno (parte do intestino onde a maior parte do ferro é absorvida). Esta deficiência pode se manifestar tanto logo após a cirurgia quanto 7 anos após o procedimento. Por isso, é importante que os níveis de ferro sejam monitorados regularmente nestes pacientes. Alguns estudos sugerem que a suplementação de vitamina C pode ajudar na deficiência de ferro por ajudar no processo de absorção do mesmo.

Existe também as chances destes pacientes desenvolverem déficits de cálcio e vitamina D, acompanhado de problemas ósseos. Isso porque os principais locais de absorção do cálcio se encontram na parte do intestino que é modificada pela cirurgia.

A deficiência de vitamina B12 (também conhecida como cobalamina) pode ocorrer pela diminuição da secreção de ácido gástrico no estômago, que pode ocorrer após a cirurgia. Além disso, também há uma diminuição na secreção do fator intrínseco, fator este que auxilia na digestão e absorção desta vitamina.

O zinco é absorvido no duodeno e no jejuno proximal, que também podem ser alterados pela cirurgia. Algumas manifestações da deficiência de zinco incluem função imunológica prejudicada (diminuição do desenvolvimento e ativação dos linfócitos T), alterações no paladar, problemas na cicatrização e acrodermatite enteropática, uma síndrome caracterizada por lesões avermelhadas, escamosas e descamativas na prega nasolabial e nas mãos. Queda de cabelo também é comum após a cirurgia bariátrica e pode ser um indicativo da deficiência deste componente. Quase 50% dos pacientes apresentam diminuição dos níveis de zinco, e 11% dos pacientes tem baixos níveis de zinco apesar da ingestão diária de suplementos.

Baixos níveis de certos micronutrientes podem ocasionar alguns problemas. A deficiência de vitamina B12 juntamente com a deficiência de ácido fólico pode ocasionar anemia megaloblástica. A deficiência de cálcio e vitamina D pode desencadear uma desmineralização óssea. E, por fim, o ferro encontrado em baixos níveis caracteriza-se como anemia ferropriva.

Diante do exposto, o compromisso do paciente e da equipe de profissionais da saúde com o acompanhamento a longo prazo e com a administração de suplementos para compensar as deficiências é vital, assim prevenindo e tratando problemas nutricionais e metabólicos que são tão comuns neste tipo de procedimento.


Matéria retirada do site Rg Nutri

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