Este alimento é uma fonte potencial de transmissão do botulismo, principalmente pela deficiência de fiscalização nas propriedades produtoras do mel in natura. A criança durante os primeiros anos da vida ainda está adquirindo a imunidade necessária para protegê-la de microrganismos patogênicos como o Clostridium botulinum, que causa o botulismo.
O botulismo ocorre quando há a ingestão de esporos presentes no alimento, seguida da fixação e multiplicação do agente no ambiente intestinal, onde ocorre a produção e absorção da toxina. A ausência da microbiota de proteção permite a germinação de esporos e a produção de toxina na luz intestinal. Essa transmissão ocorre com maior freqüência em crianças com idade entre 3 e 26 semanas – motivo pelo qual foi inicialmente denominado botulismo infantil.
A figura abaixo mostra o bloqueio da placa motora pela toxina botulínica:
Nas crianças, o aspecto clínico do botulismo intestinal varia de quadros com constipação leve à síndrome de morte súbita. Manifesta-se inicialmente por constipação e irritabilidade, seguidos de sintomas neurológicos caracterizados por dificuldade de controle dos movimentos da cabeça, sucção fraca, disfagia, choro fraco, hipoatividade e paralisias bilaterais descendentes, que podem progredir para comprometimento respiratório. Casos leves caracterizados apenas por dificuldade alimentar e fraqueza muscular discreta têm sido descritos.
O botulismo infantil foi reconhecido inicialmente em 1976 ocorrendo em lactentes menores de 1 ano pela ingestão dos esporos do Clostridium botulinum contidos em alimentos mal conservados. Estudos epidemiológicos e clínicos vêm mostrando um crescimento na incidência desta patologia nos últimos anos. De todos os alimentos que oferecem risco para o botulismo infantil o mel constitui a principal fonte.
De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em maio de 2007, meios de comunicação divulgaram que 16% do mel brasileiro poderia estar contaminado com Clostridium botulinum. A partir disso, produtores e comercializadores de mel, preocupados com a repercussão da reportagem, solicitaram que a ANVISA se manifestasse sobre o assunto. Então, com as devidas orientações dos especialistas, foi realizado um levantamento no país e notou-se que até aquele momento não havia qualquer notificação de caso confirmado da doença no Brasil.
Com base em publicações oficiais da Secretaria de Vigilância em Saúde/ Ministério da Saúde e publicações científicas sobre contaminação do mel brasileiro com Clostridium. botulinum elaborou-se o Informe Técnico nº. 37, de 28 de julho de 2008, que descreve todos os aspectos da doença e coloca como estratégia de prevenção que a população deve ser orientada sobre o preparo, a conservação e o consumo adequado dos alimentos associados a risco do adoecimento. Especificamente no caso do botulismo intestinal, os pais e educadores devem ser alertados para não incluir o mel na alimentação de crianças menores de um ano de idade. Medidas sanitárias cabíveis devem ser adotadas de acordo com a legislação vigente e a situação encontrada.
RG Nutri
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